domingo, 20 de junho de 2010




A música é linda, o clip é lindo. Eu particularmente gosto muito. Adoro a parte da corrida entre os focos de luz. Vale à pena ver e rever..

quarta-feira, 16 de junho de 2010



Como reter o etéreo? quem tem a capacidade de movê-los e moldá-los? de tirá-los lá do íntimo e fazê-los desvelar? de concretizá-los, laçá-los? quem pode ver os odores ou sentir  o sabor das cores? quem é capaz de valsar à explosão do amarelo ou cair no azul, perder-se no púrpura? tecer um lençol e bordá-lo com o perfume dos cabelos? É o que procuro, é o que intento: abrir as portas, correr contra o vento, me jogar no precipício, espiar o infinito, roubar teus pedaços e fazer deles meus, e de meus, qualquer coisa de abstrata, algo que eu possa te mostrar, algo que possamos dividir. e ainda que não compreendamos, que possamos sentir, que possamos admirar, sentar sem propósito e ver, desde que estejamos juntos em alguma coisa. As palavras são desnecessárias quando os poros podem falar por elas..

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dia cinza



Havia um espaço suspenso entre quem era e quem precisava ser. Adormecia lá todos os dias.

Noite após noite, erguiam-se por detrás de seus olhos lembranças de um futuro suspenso nesse gramado de lugar nenhum. Os castelos, as festas, o jardim, as pessoas.. Voltava de lá silenciosa, remoía todas essas lembranças antes de pisar enfim no chão de si mesma. Sentia-se verdadeiramente confortável antes de partir para este desconhecido, mas sair de lá também era uma necessidade. Um belo dia, acordou como se não houvesse diferença entre os espaços. Como se o ato de fechar e abrir os olhos, nada mais fosse que uma desnecessidade que não dizia coisa alguma sobre ter um corpo e pertencer a um espaço. Amanheceu como uma sombra cheia de lembranças mecânicas. Chovia muito, não havia amanhecido. As paredes do quarto se aproximaram, ficaram quase em cima da cama, estavam frias. O chão não possuía firmeza alguma, sustentava-se a si mesmo à medida em que passos clamavam por alguma solidez sob a superfície. O pior de tudo era o silêncio. Um silêncio que vinha das profundezas de um buraco negro particular. Um buraco bem no meio dessa massa amorfa que compunha uma microgaláxia com direito a todos os mistérios das bilhares de galáxias que compõem o universo. Deslizou ao som do zumbido constante desse silêncio absoluto. Tudo revestia-se de cinza: um sonho em noir, onde os beijos se perdem entre as esquinas de becos fumegantes, a realidade fria, volátil, composta por massas de grafite. Não era um personagem de Kafka, tampouco uma ideia leviana de um poeta embriagado. Pesava bem mais, era real, embora parecesse um pesadelo sutil. O nada em toda a sua presença erguia as paredes da solidão, mas era preciso ter os olhos bem abertos, era preciso sentir todo esse peso. O peso dos quadros que compunham sua história. A tira do dia em preto e branco.