segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

sentado na porta da gaiola observando o tempo passar




Descobri há pouco que sou pessimista. Paranóica já sabia há muito que era. Coisas bobas que passam despercebidas e de repente se mostram mais claras que um deserto sob o sol do meio dia. Quem tiver a coragem de começar a ler esse post e a coragem extrema de terminá-lo, de antemão, aviso: nada de significante utilidade será encontrado nas linhas que seguem.

Não costumo navegar muito na internet devido a convergência de alguns fatores que não cabem aqui destacar, mas sempre que me deparo observando sites de relacionamento e blogs desnecessários, como este, percebo o quão inútil este mundo virtual pode ser. Uma necessidadezinha de expor alguma coisa inútil de si para saciar uma fome qualquer de qualquer coisa. Talvez a razão de tal assunto seja o recente fim de ano, a febre das festas, a inutilidade das compras, o circo que se arma todo ano que alegra a muitos e, incrivelmente, cansa apenas a alguns, os sensatos. Acho que isso é algo que se reflete em todos os círculos da rede que nos envolve, sistemazinho besta esse da urbes. Sei que muitos prezam pela sua vida, amam a si mesmos, valorizam coisas que são na verdade insignificantes. Eu vejo a existência com tão pouca coisa real e verdadeira a oferecer. Falo da existência humana. Acho que somos fadados ao fracasso mesmo, eterno paradoxo. E nós vivemos aqui na cidade engolindo fuligem e exalando fumaça enquanto o tempo vai embora. Leviandade... pura vaidade, já dizia um sábio rei judeu. A fórmula eterna e imaculada do amor àqueles que, de fato, amamos é, sem dúvida, uma das poucas coisas que fazem a vida da gente significar algo. Que o amor seja explicado como uma convergência de reações químicas, não faz dele menos útil e significante à vida. É óbvio que aqui eu expresso ponto de vista de alguém com uma posição cultural moldada, não passa de um mero ponto de vista, ponto que muitos podem discordar, mas que, retoricamente, será identificado com a opinião de alguns.

Creio que muitos já se perguntaram sob a razão de suas vidas, alguns sabem a resposta, outros não. pode ser que exista alguma, pode ser que ela se dê aqui e agora. Sei que a maioria de nós tem uma vida cheia de pequenas mediocridades que acreditamos ser plena de sentido. Algumas são, a maioria não. Penso que se depurarmos tudo desnecessário à sobrevivência social, animal político que somos, restaria apenas isso: as pessoas que dão sentido àquilo que constantemente nos tornamos , direta ou indiretamente. Cansamos de não valorizar isso. Já passei, como todo mundo, por dores emocionais muito intensas. Dores que não necessariamente foram causadas por pessoas, mas essas situações são pontos-chave para nos mostrar algumas verdades. Como afirmei acima, sou pessimista e paranóica, isso explica o meu mar de pequenas ou longas crises, todas elas fundamentais para descobrir o que eu sou, e cada vez que saio delas, aprendo a ser mais verdadeira, embora nem sempre pratique isso. Infelizmente, a verdade às vezes não é a melhor estratégia de sobrevivência. Entra em cena a simulação, uma meia verdade, e, em última instância, a mentira, que muitas vezes nem nós mesmos percebemos quando a utilizamos. A questão seja, talvez, o fato de a mentira e a simulação terem se tornado o ponto central do nosso sistema e daí gerarem um ciclo vicioso: de tanto dissimular, passamos a necessitar de mentiras, esquecemos o significado de algumas pequenas e simples verdades. Uma delas é que é muito bom amar, que coisas simples e bobas são, sinceramente, as melhores coisas da vida. Eu sei que algumas pessoas que lerão isso aqui acharão que essa é uma bela e estúpida ideia, não tentarei convencê-las do contrário. Sei que um dia vou estar mal e não vou aguentar nem terminar de ler o que acabo de escrever aqui. Não existe nada pior para quem está na fossa do que ver pessoas felizes com ideias felizes. Escrevi isso porque é algo comprovado por mim empiricamente, no entanto, é uma coisa subjetiva e a subjetividade é uma ilha... Se isso pareceu sem sentido e desconexo no começo, vai parecer mais ainda no final: é bom amar. Quem sabe o que eu escrevo seja uma ode ao amor. Amizade é um sentimento bom e quente, afaga algo intangível dentro de nós. A cidade e seus hábitos sociais são virtuais, o sistema em que vivemos prima pela falácia, é bom quando nos deparamos com coisas reais. Devemos considerar, porque precisamos, que grande parte do que fazemos nada mais é do que ocupação inútil, pouca coisa vale realmente à pena. No entanto, enchemos um mundo virtual de futilidades e coisas descartáveis, acabamos, por fim, precisando disso, ou perdidos numa teia gigantesca.

Não vou me alongar tentando explicar o que acabei de escrever. Sei que não fui clara. Posso começar dizendo que o que está aqui, de fato, tem muito de subjetivismo tentando falar. Acho que uma voz tentando dizer que está meio farta desse emaranhado social descartável, dos discursos, da quantidade de besteiras a que nos apegamos ou que nos fazem nos apegar... tanta coisa boa que poderíamos valorizar enquanto não conseguimos fugir de nossa própria cultura.. Vou ser bem sincera quanto a uma experiência: a vida como eu vejo parece uma castelo de cartas. o termo é clichê, mas vejo as coisas ao meu redor em eterna desconstrução. leves e a mercê da sorte como cartas ao vento, sempre na iminência de um novo desmoronamento, algo que se dá pouco a pouco. A desconstrução é sempre o preço de uma nova descoberta..

como eu disse, sem um sentido pleno, essas palavras são mais umas para o monturo de inutilidades e adolescisses próprias do nosso tempo que enchem a internet de blogs idiotas, necessidade que tambem é parte da teia social, reflexo de um sistema fundamentado em falsidades que alegram as pessoas com coisas inúteis... ano novo... ai ai, vou dormir.