quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Parolices

   E eis que uma postagem ressurge das cinzas...
   Sempre acho estranho olhar para as coisas que escrevi no passado. E o passado se torna passado muito rapidamente. Lembro que comecei a escrever nesse blog por volta dos vintage e dois e agora já com vintage e cinco, vejo que muita coisa mudou. Talvez nem tantas assim, talvez algumas coisas tenham ficado preservadas no fundo, longe da superfície, enquanto na margem as intempéries continuem agindo... Pelo menos tenho a certeza de continuo com a fala desconexa, as ideias bagunçadas, as palavras reticentes e o olhar de cachorro perdido.
   Sinto falta da poesia, acho que ela tem me abandonado, ou talvez eu a tenha sufocado em nome da maturidade. Gosto do romantismo, não apenas daquele cheio de flores, mas o romantismo idealista, que por vezes se torna até pessimista. Mas percebo também, que aqueles que continuam sofrendo, depois de certa idade, com coisas com as quais a maioria das pessoas não se importa, vivem numa dor que não se acaba, suscetíveis a pequenas variações entre tristezas e alegrias. Por outro lado, acho que as pessoas vivem numa letargia sentimental muito grande, a ponto de todos os que insistem em sentir, verdadeiramente, serem chamados de loucos, imaturos, perdidos, insignificantes e por isso serem enjaulados, reprimidos, silenciados. Eu continuo sendo a pessoa que olha para as outras sem entender muito bem a realidade do mundo adulto. Será que para isso também há alguma nomeada síndrome? Todo desencaixe ao mundo "real e normal" é psicologicamente designado por alguma síndrome. Talvez eu tenha algumas. Apesar de tudo, eu sigo sonhando, ainda, sonhando os medos, as desconexões, as crenças espirituais e recebendo conselhos de algum lugar obscuro de mim, como por exemplo o último, onde por duas vezes alguém me dizia: " O caminho de volta é um caminho que se faz sozinho", concluí que este ser se referia à morte. A morte é algo que não se faz acompanhado. Não sei por que sonhei isso, sei que ficou martelando na minha cabeça depois que acordei.
   Por fim, seguindo a linha da desconexão dos parágrafos e da falta de sentido no meio deles, acho que a maturidade, apesar de tudo, tem lá suas vantagens. Ela te dá um lugar relativamente confortável no mundo, te oferece certa constância, a falsa impressão de mandar no próprio nariz, uma visão mais ou menos apurada das coisas, sei que ela leva embora toda a "eteriedade" da adolescência, e com ela o idealismo, o romantismo, muito da coragem infantil (que é uma verdadeira força revolucionária), mas em compensação, mina alguns medos do desconhecido, uma vez que, supostamente, agora você está no mundo respondendo por si mesmo, dono do seu destino, algo que antes parecia pertencer aos adultos tutores...
   E é isso, cá estou essa nova eu, ainda velha, e ainda em transformação. Prometo cuspir de vez em quando umas coisas estranhas passadas pelo filtro do meu peito!
   

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