terça-feira, 29 de novembro de 2011

Questão filosófico-umbigária

    Você já quis fugir da sua vida? Provavelmente sim. Há algum tempo atrás, nos idos de 2007/2008, meu maior sonho era simplesmente deixar de existir, melhor que nunca ter nascido, melhor que não arcar com as responsabilidades de decisão sobre a própria vida. Diz a wikipédia que isso é ideário suicida. Na verdade nem sei. Mudei alguma coisa de lá pra cá, acho que na verdade sou mal formada, ou quem sabe perco tempo demais pensando no que poderia ter sido do meu passado. Penso que o excesso de informação e o excesso de pressão sobre nós, jovens, aliado ao retardamento da adolescência, pela forma como somos criados pelos nossos pais, e ainda com a necessidade de sermos adultos, maduros e auto-suficiente com relação às nossas próprias responsabilidades e decisões (essa é a parte que diz respeito à sociedade), faz de nós uns pseudo-adultos sem destino certo. Umas aberrações. Legal que isso vai se refletir em nossas decisões pela vida toda. Nossos pais saíam de casa cedo, com a consciência de que ser adulto era se tornar responsável pela própria sobrevivência no mundo. Resultado: casavam mais cedo, aprendiam mais cedo a viver e a se auto-sustentar. Nós, não. Dependemos do papai por muito mais tempo do que os nossos pais, mesmo quando estamos distante deles.

    Tenho 23 anos, até o ano que vem, e me sinto como se estivesse no meio da vida e que os meus planos estão fracassados. Sei que isso não é verdade, ainda, mas inevitavelmente, isso me leva a pensar em muitas coisas, a avaliar o que eu fui (o que escolhi ser) desde que tomei consciência de que sou responsável por minhas decisões. Sou uma fugitiva, fato, também pessimista, terrivelmente pessimista. Penso que esse é o maior mal do sonhador, a frustração e o pessimismo.  Na verdade isso é uma auto-proteção, uma forma de garantir previamente que o resultado não vai nos dar nenhum susto... Enfim, (já advertindo que Natália Klein afirma que só idiotas terminam frases com enfim) essa é apenas uma ideia que tem transpassado as minhas ideias nos últimos dias. E a questão que essa ideia propõe é: o que é que acontece com a sociedade de hoje e a forma como interagimos no meio dela, de forma que uma pessoa no início da vida pode chegar a achar que a vida já está no fim e que os planos já estão frustrados? É uma questão filosófico-umbigária, eu sei, mas não deixa de ser uma questão.