terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Me surpreendo, quando penso, com a minha capacidade de fugir. Fujo da realidade, fujo dos sonhos. Afinal, parece que no fim não estou em lugar nenhum, apenas tentando me encontrar e fazendo isso sempre por detrás dos muros. Sinto que a minha vida se divide entre sonhos e um rascunho da realidade e é quase como se isso fosse um grande abismo, uma grande farsa, camadas e mais camadas de irrealidade. E, sinceramente, nem me lembro quando comecei esta fuga, acho que deve ter sido quando deixei de ser criança, quando vi que existia uma realidade e eu não queria aceitá-la. A responsabilidade sempre me pesa e se me especializei em algo, foi nisso: na fuga. Até de mim mesma.

Ando tentando encontrar o começo e reescrever essas linhas, ter coragem de encarar de novo a realidade e isso inclui olhar sem medo para mim mesma, me ver nua e assumir isso.

5 comentários:

  1. Pri -suspiro
    isso me fez pensar em tantas coisas, me levou para tantos lugares. Me mobilizou meeeeeeesmo.
    Fiquei aqui me perguntando como pode termos vidas tão diferentes, mas sentimentos que carregam cores tão semelhantes... Fugir. É sempre uma tentação se esconder e se neutralizar quando o lugar que nos é cobrado não é o nosso mesmo e quando nós mesmos nos cobramos algo que não nos satisfaz plenamente(por imposições diversas que acabamos internalizando como a única saída).

    Não tem mesmo como se descobrir, se confrontar com a própria nudez, sem quebrarmos velhas correntes (isso é sempre um risco de também perdermos algumas falsas referências em que nos apoiamos). Penso que em grande parte do tempo, mesmo nos ferindo e querendo escapar, o medo de perdermos inclusive essa identidade de fugitivos nos ata diante do mundo e de tudo que de fato podemos. Enfim, hoje estou especialmente afetada pelas discussões do meu curso de formação, então desculpe os exageros. O que eu queria dizer mesmo é que renova o meu lugar na Vida ver pessoas como você, que além de tudo que já tem de fantástica (e não discuta com a minha percepção sobre você), agora dá passos mais largos e ambiciosos que podem levar à terras tão mais cheias de possibilidades, de onde não se precisará fugir, ainda que se caia em abismos, se machuque e se perca constantemente. Em terras assim, onde os ventos são sempre espirais fortes de afetos, mesmo com a dor intensa, há também abundância de tonalidades, de sons e de sentimentos que nem sabemos o nome ainda, muito menos o gosto.
    Tudo que eu posso desejar é uma boa travessia para além de suas fronteiras.
    :*

    P.S: é claro que postei seu comentário,fico honradíssima da senhora ler meus delírios e me dedicar uma música foi um ápice de doçura! A música, por sinal, me abalou por tamanha qualidade estética e capacidade de abrigar ambiguidades sentimentais da minha parte. Obrigada!

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  2. Esse tipo de pensamento já nem me surpreende mais. ;-; Falando por mim: sou uma mestra na arte de fugir, mas não me orgulho disso. E não é algo que quero cultivar... Na verdade, tenho ímpetos de mudar. E só esse ímpeto de ser e agir diferente (tenho falado muito nisso ultimamente... ¬¬) é o que precisa ser nutrido.

    Pri, tô com saudades. Achei que vc tinha abandonado o blog e o tirei lá da listagem do meu, mas agora vou recolocar.
    Por favor, não pare de escrever! Seus escritos são belíssimos. *-*

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  3. Obrigada, meninas. Sempre leio o blog de vocês e apesar da distância e da timidez, não vou mentir que sinto em mim um pedacinho de Swu e um pedacinho de Mara :)

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  4. "Postado por Nowhereland às 16:16"

    -risos-

    Os olhos devem estar sempre treinados para ver, nos detalhes do caos, as tendências, as coisas que a existência não consegue dar conta... que nos obrigam a projetar para além... o além... e voltar, quando voltar é seguir adiante é que se entende o fundamento da dissolução.

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  5. dissoluções me perseguem... e as horas pares também.

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